segunda-feira, 25 de maio de 2009

Vire-se porque você não é quadrada

Eu tenho um problema meio sério no que diz respeito a atrair pessoas estranhas para minha vida. Em todos os sentidos. Amigos, namorados, família - todos têm diversos pinos a menos, o que talvez meu psiquiatra um dia descubra ser uma autodefesa do meu inconsciente. Algo no estilo "obrigando-me a conviver com pessoas que estão a anos-luz da sanidade mental, eu me sinto um pouco mais normal do que efetivamente sou", uma vez que meu cérebro ligeiramente passado não me permite alcançar o epíteto de "pessoa equilibrada". Whatever.
No entanto, na semana passada, percebi que não apenas as pessoas com quem convivo por opção têm essa dificuldade de raciocínio lógico, mas também aquelas com quem convivo por falta de opção. Leia-se meu chefe, que anda me pedindo favores tão absurdos quanto solicitar acesso ao cofre do Banco Central.
Voltando: na semana passada eis que estou no escritório ocupada com as trivialidades que norteiam meu maravilhoso emprego, quando toca o telefone. Eu atendo, é ele. Me pedindo para levar até sua empresa os três banners que mandei confeccionar a título de ter o que pendurar na sala de reunião pra fazer uma graça.
Passei cerca de cinco minutos explanando acerca dos motivos pelos quais essa seria uma tarefa humanamente impossível de ser cumprida. Citei Shakespeare, Karl Marx, Freud, o João da padaria, Gandhi, Buda e o Dinho, dos Mamonas Assassinas. Expliquei que, devido ao baixo soldo que recebo em minha conta corrente no presente momento, e que claramente é um sinal da opressão sofrida pela classe proletária em decorrência da ganância de ocupantes dos altos cargos, como o dele, eu não possuo veículo automotor, o que torna inviável o transporte do material solicitado, considerando-se que o mesmo possui a medida de 1,50 m, enquanto minha pessoa possui a medida de 1,62 m. Incorporei ainda à defesa o fato de que eram três banners, com cerca de 1,5 kg cada um, o que ultrapassa a marca de 8,5% do meu peso total e que, portanto, seria clinicamente desaconselhável que o traslado fosse feito à pé.
Pois de nada adiantou gastar minha retórica. Ao final da conversação ele simplesmente me respondeu que, se eu não conseguia carregar os banners devido à quantidade, tamanho e peso, deveria fazer três viagens, concluindo assim a tarefa que me fora confiada. Ou seja, um enorme e sonoro "vire-se porque você não é quadrada".
Fiz então o que qualquer ser que tenha amigos faria: arrumei uma carona e fui levar a encomenda. Ao discorrer sobre os meios através dos quais consegui cumprir a exigência ridícula de uma pessoa que, diga-se de passagem, é possuidora daquela maravilha andante a que chamamos de carro, a referida criatura fez o que nem George W. Bush faria com tamanha pachorra: riu. Aliás, gargalhou.
Quer dizer, ele sabe se comportar com dignidade? Absolutamente. Ele merece o cargo que ocupa? Tampouco. Ele sabe o que significa assédio moral? Aparentemente não, e também desconhece suas implicações legais. Ele sabe com quem está mexendo? Menos ainda. As ideias deste senhor estão totalmente ulrapassadas no que diz respeito a leis trabalhistas e humanistas, e ele merece um processo judicial, que não vou aplicar porque né?
Do I really care? Not at all. Arrumo outro emprego e dou nele o que conhecemos vulgarmente por "pé na bunda". Só gostaria de registrar este ultraje e uma reivindicação: se é para ter um chefe sádico e de humor duvidoso, exijo que seja Willy Wonka!

Pelo menos tem o chocolate.

4 comentários:

Eduardo - www.dumc.zip.net disse...

Afe! Chutou o balde com o tamanho do texto eaheaheahea... quando chegar em casa eu leio eaheaheaheaheah

Lelê disse...

ok ok, chefe chato é um pé no saco e tal.
chefe mal humorado e sem noção, nem se diga, né.

maaaaaaas, sinto desapontar-se, você não pode entrar com uma ação trabalhista.
o seguinte é que você é estagiária, certo? entããããããão não rola vínculo empregatício e por isso você não ganharia nada.
chata essa pseudadvogada, né?
UAHuaHuaHuAHuA

:*

Paula disse...

Já leu “Como lidar com um chefe idiota?” de J. Hoover? Então lá vai: “Trabalhar para um chefe sádico é o mais próximo do inferno que você pode chegar. Ele vai manter você vivo apenas para lhe torturar. Na frente dele, faça de conta que é masoquista. Se ele acreditar que você está curtindo todo aquele sofrimento, vai escolher outro para ser a bola da vez.”. Desde que vc esteja fingindo ser masoquista tudo bem, agora se vc realmente estiver nessa posição, tlz seja a hr de pensar mais no masoquista e menos no sádico. Obs: se fosse pra trabalhar na fábrica de chocolates de Wonka eu aceitaria até mesmo trabalho de Sísifo! Bjaum!

Eduardo - www.dumc.zip.net disse...

Tá... agora eu li :D Ahhh, você não tem do que reclamar... pelo menos é o chefe que tá fazendo isso. Imagina só se fosse um funcionário mais antigo que tivesse te torrando o saco? Ahn??? Ia ser pior não ia??? Imagina só que divertido: Você acaba de fazer uma petição, achando perfeita e vem um cara e diz: "Faz tudo de novo, tá horrível" aeheaheahaehehhea. Sobre a trabalhista, você tem contrato de estagiária??? eheaheah se não tem fica mais fácil aeheaheaheahea