quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Da série "Parem o mundo, they are back"

Em 27 de junho de 2008 eu tive uma visão do inferno, como contei aqui -> http://superintendo.blogspot.com/2008/06/estava-eu-alegremente-envolvida-no.html (não, eu não sei fazer hiperlink, se é que o nome é esse). Tratava-se do retorno dos Backstreetboys e eu achei que não poderia piorar. Doce ilusão.
Ontem, mais uma vez por abstinência de atividades interessantes/instrutivas, estava rodando todos os canais de TV disponíveis tentando encontrar algo que abalasse aquele marasmo.
Como quem procura acaba mesmo achando, eis que tive uma revelação que muito poderia ser comparada às visões do apocalipse: Mãe Dináh. Em muita carne e largos ossos, fazendo propaganda de um serviço de celular (sim, ela está viva e modernizada) do tipo "receba mensagens sobre o seu horóscopo".
Ah, para, vai! Vamos dar um Google e lembrar quem é Mãe Dináh na ordem do dia: "Benedicta Finazza, mais conhecida por Mãe Dináh (São Paulo, 19??) é o nome pelo qual é conhecida uma vidente brasileira, que ganhou certa notoriedade no final do século XX com exposição em programas de televisão, tendo inclusive tentado a carreira política. Seu fracasso nesta empreitada (que deveria ter sido antevisto pela própria) a colocou como exemplo de previsões erradas" (from Wikipédia).
Wikipédia rules. Piro no "(São Paulo, 19??)".
Agora algumas previsões da amável senhoura:
Em 1984, começará a III Guerra Mundial (Mãe Dinah) - Oi, já estamos em 2008.
Fernando Collor fará um excelente governo. Terá pulso e vai fazer valer sua autoridade (Mãe Dinah) - Não terá caráter e fará valer o impeachment.
1994 será um excelente ano para Airton Senna. (Mãe Dinah) - Hahaha, que irônico! Ele morreu depois de duas corridas sem vitória.
1994 - O Brasil será derrotado na Copa do Mundo de Futebol. (Mãe Dinah). - A palavra "tetra" te diz alguma coisa?
Aí vocês me perguntam: quem é o imbecil que dá respaldo para essa aberração? E eu lhes respondo: a mesma pessoa que acha Maysa a criança mais simpática do mundo.

Bem, em suma, muito quero receber previsões dessa insana para o meu futuro pessoal.
Mas a torcida mesmo é para que ela sofra um processo do querido Walter Mercado por apropriar-se da idéia de teleprevisões.
Ligue diá!
[Carolina]

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Trema no U

Sobre a reforma ortográfica, relutei um pouco em discorrer sobre porque sou uma mera falante da língua, mas o assunto anda martelando na minha pobre massa encefálica e preciso colocar pra fora algumas coisas.
Dizem que entraram nessa de reforma para unificar o idioma falado em todos os países de língua portuguesa, mas a desculpa (pelo menos pra mim) não colou muito não porque, dessa vez em bom francês, desolée, isso não será possível, uma vez que há diversos termos que são diferentes entre esses países. Portanto regras gramaticais apenas não serão o bastante para que a unificação se realize.
Expurgada a indignação inicial, serei mais específica: o que mais me intriga em todas essas novas regras que nos serão impostas daqui pra frente é a queda do trema.
Gente, o trema era uma lenda desde que aprendi a ler e escrever. Durante todos os meus anos de colégio sempre tinha um professor pra dizer “Ainda é pra usar, mas o trema está para cair...”. E minha mente infantil, com seus parcos conhecimentos linguísticos (agora sem trema) à época, ficava imaginando o dia em que o trema finalmente cairia, estatelado no chão do Aurélio. Era uma cena apocalíptica a que se desenrolava na cachola.
Além disso, acho de extrema simpatia a ordem quase em forma de sugestão que o trema carregava em si. Veja bem, LINGÜÍSTICO – ao soletrar diríamos “trema no U”, que é exatamente o que fazemos ao ler a palavra: trememos a pronúncia no U. Genial, genial!
Aí, de repente, vem a reforma ortográfica e apaga o trema assim, sem mais nem menos, e sem alarde nenhum, nenhuma cena histórica para acompanhar a covardia, sequer uma mera homenagem pelos serviços prestados, como se fosse a coisa mais normal do mundo simplesmente ignorar um símbolo da última flor do Lácio. Fiquei puta!
Como minha singela opinião não conta para reverter o quadro, faço a única coisa que me resta: deixo aqui minha homenagem ao trema, companheiro de longa data que, ao partir, me deixa com a sensação de que estou escrevendo tudo errado.
E minhas mais profundas condolências a todos os pinguins, consequências, cinquentas, e tantos outros pobres órfãos deste ícone da linguagem escrita.
Trema vai deixar saudade...

[Carolina]

*Norris, essa foi pra você. Espero que as férias estejam boas.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Confissão

É extremamente difícil para mim - uma pessoa alegre por ideologia - confessar o que segue: eu estou infeliz.
Não essa infelicidade que impede de sonhar e acreditar na vida e nas pessoas, mas uma infelicidade leve, quase aérea, quase imperceptível. Uma infelicidade que me mostra com todas as nuances que eu não estou onde deveria estar, nem faço o que deveria estar fazendo.
Não gosto do meu emprego. Seria ilusório dizer que ele me ensina algo sobre a minha profissão porque não ensina. O que faço o dia todo é atender ao telefone e não acredito que seja necessário estudar quatro anos para fazê-lo. Mas gosto das pessoas que trabalham comigo, embora só isso não me deixe plenamente feliz. Essas pessoas tornam meus dias mais fáceis de ser vividos, mas à noite eu me lembro que, na verdade, falta muita coisa para que eu sinta prazer em ir trabalhar.
Estou no último ano de faculdade de um curso que já vi que não vai me levar a lugar nenhum. Mas gosto de ter aprendido certas coisas e das amizades que fiz. Acima de tudo, gosto de saber francês e isso se deve exclusivamente ao meu curso - mas é só.
Morei sozinha por muito tempo e agora aparentemente não consigo e adaptar a morar novamente com minha família. Essa profusão de regras e horários - que não são os meus - sempre me deixa com a sensação de estar presa. Isso me deixa particularmente mau porque os amo e sei que a culpa não é deles. Sei que eles se esforçam para me deixar bem e que devo muito a eles, mas não consigo agir diferente, por mais que eu tente.
Nada não, só que às vezes é uma carga pesada demais pra uma pessoa que acredita que devemos nos fazer felizes, ainda que seja à custa de um emprego fixo, TV no domingo e falta de dinheiro.

[Carolina]