segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Trema no U

Sobre a reforma ortográfica, relutei um pouco em discorrer sobre porque sou uma mera falante da língua, mas o assunto anda martelando na minha pobre massa encefálica e preciso colocar pra fora algumas coisas.
Dizem que entraram nessa de reforma para unificar o idioma falado em todos os países de língua portuguesa, mas a desculpa (pelo menos pra mim) não colou muito não porque, dessa vez em bom francês, desolée, isso não será possível, uma vez que há diversos termos que são diferentes entre esses países. Portanto regras gramaticais apenas não serão o bastante para que a unificação se realize.
Expurgada a indignação inicial, serei mais específica: o que mais me intriga em todas essas novas regras que nos serão impostas daqui pra frente é a queda do trema.
Gente, o trema era uma lenda desde que aprendi a ler e escrever. Durante todos os meus anos de colégio sempre tinha um professor pra dizer “Ainda é pra usar, mas o trema está para cair...”. E minha mente infantil, com seus parcos conhecimentos linguísticos (agora sem trema) à época, ficava imaginando o dia em que o trema finalmente cairia, estatelado no chão do Aurélio. Era uma cena apocalíptica a que se desenrolava na cachola.
Além disso, acho de extrema simpatia a ordem quase em forma de sugestão que o trema carregava em si. Veja bem, LINGÜÍSTICO – ao soletrar diríamos “trema no U”, que é exatamente o que fazemos ao ler a palavra: trememos a pronúncia no U. Genial, genial!
Aí, de repente, vem a reforma ortográfica e apaga o trema assim, sem mais nem menos, e sem alarde nenhum, nenhuma cena histórica para acompanhar a covardia, sequer uma mera homenagem pelos serviços prestados, como se fosse a coisa mais normal do mundo simplesmente ignorar um símbolo da última flor do Lácio. Fiquei puta!
Como minha singela opinião não conta para reverter o quadro, faço a única coisa que me resta: deixo aqui minha homenagem ao trema, companheiro de longa data que, ao partir, me deixa com a sensação de que estou escrevendo tudo errado.
E minhas mais profundas condolências a todos os pinguins, consequências, cinquentas, e tantos outros pobres órfãos deste ícone da linguagem escrita.
Trema vai deixar saudade...

[Carolina]

*Norris, essa foi pra você. Espero que as férias estejam boas.

3 comentários:

Livia disse...

Cáaa!!!
Arrasou no texto!!
A escrita está ótimaa e o tema foi mtu bem escolhido!!
Não que eu seja uma especialista em escrita para dizer se está boa ou não, mas o que eu quero dizer é que foi um texto muito gostoso de ler.. Hehehehhe

Arrasou mesmo!

Beijão!

Unknown disse...

Cazinha, adorei o texto. Na verdade, fazia tempo que não gostava tanto do que anda escrevendo.
Já que você tocou no assunto, quero registrar aqui minha profunda revolta com a história do hífen também.
Ficarei extremamente perdida com a partida dele.


Hiuahiuahiuahiauhaiua.

Tá MARA!
=*

Unknown disse...

Cááá, a-do-rei!!!
a queda do trema foi o que mais me deixou injuriada :x
ARRASOU!!!
valeu, Cá
estou aproveitando as férias, e espero que vc também!
beijo
:*