sábado, 11 de julho de 2009

Abstrações

Acerca do medo, que invariavelmente nos atinge ao entrarmos no campo dos sentimentos, creio que há certa conformidade - e, por que não, concordância - de nossa parte ao permitirmos sua aproximação.
Incontestavelmente, o medo protege. E protege porque acovarda. Prova disso é que as pessoas que morrem afogadas em geral sabem nadar. As que são temerosas com relação à água não se afogam... porque não se arriscam.
O mesmo princípio se aplica à amizade, à raiva e, naturalmente, ao amor. Quando se tem medo destes sentimentos você acaba protegido de seus efeitos, porque não se arrisca a vivenciá-los.
Somente a vivência, no entanto, trará o conhecimento dos benefícios de todos estes conceitos. Em outras palavras, ver o lado bom.
No decorrer de minha vida, incontáveis vezes deixei-me acovardar pelo medo do envolvimento, da dependência de determinados sentimentos que a mim se apresentaram. Posso assegurar que, apesar de protegida das consequências destes sentimentos, não pude deixar de sentir as inúmeras horas de lamentação pelas sensações que não vivenciei.
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Certa vez me deixei envolver por um sentimento inventado, criado por mim num momento de "nada pra fazer".
Ao contrário do que supus, tal revolução interna - que não existia de fato - causou maiores estragos do que outras - tão reais que eu quase podia tocar. Isso porque dei, mais que minha autorização, minha bênção para que o sentimento se instalasse e entrasse em cada lacuna não preenchida.
Sofri (como, de fato, prevêem aqueles que sentem medo), mas saí ainda viva, com a tranquilidade da convicção de que eu tinha feito uma escolha, vivido intensamente as consequências desta escolha, e crescido com a experiência.
Entendi, por fim, do que eu deveria ter medo.
Mas, de coração, não consegui ainda inventar esse medo que - eu sei - devo sentir. E quero tudo de novo!

3 comentários:

Unknown disse...

"No decorrer de minha vida, incontáveis vezes deixei-me acovardar pelo medo do envolvimento, da dependência de determinados sentimentos que a mim se apresentaram". E é por isso que dá pra falar sempre com vc. Você entende o que é isso. E eu entendo também, por isso você pode me gritar a qualquer hora do dia ou da noite que eu vou estar aqui pra você. Je n'aime qu'un peu, toi!
grosses bises :***

Kaká disse...

Há tempos eu não me interessava tanto por um texto seu.
Gosto de quando você traz um "algo mais"...
Quanto ao conteúdo, faço minhas as suas palavras:
"Somente a vivência, no entanto, trará o conhecimento dos benefícios de todos estes conceitos."

Beijo grande.

Paula disse...

"Se me jogarem de um penhasco, eu vou dizer: e daí? adoro voar!" Amo essa frase. Não é minha mas sempre penso nela qdo a vida (ou alguem) me dá uma rasteira. E eu te digo uma, eu já levei váááárias delas! Mas uma coisa é certa: com o tempo vc aprende que a vida não exige de vc perfeição e que nem mesmo a perfeição é sinônimo de felicidade perpétua. Permita-se errar, ser humana, respeite as suas lágrimas e diga pra vc mesma: "tá doendo sim! Dói pq sou humana, pq sou completa, com sentimentos nobres e que, momentaneamente, estou sofrendo, mas que até isso passa!" E com certeza vai passar!Não deixe de viver a vida com plenitude por medo de se machucar, tenha a certeza de que vc é forte, que pode se permitir uma dor ou outra e que vc é melhor que tudo isso. "Se for dor ou amor, que venha forte! De morno, não gosto nem de banho!"HUAHuhaua Bjaum!