Eu estou terminando o quarto ano de um curso conceituado, em uma universidade escolhida, por dois anos consecutivos, como a melhor do Paraná. O curso que eu faço - Direito - é recomendado com a nota “A” pela OAB e recebe sempre boas notas no ENADE.
Não estou falando isso para me gabar, até porque, no presente momento, eu não sinto um pingo sequer de orgulho desse curso. Eu falo simplesmente para poder mostrar as contradições existentes.
É certo que a UEM, como uma universidade pública, passa por dificuldades financeiras e burocráticas, mas isso não justifica, em nada, a canalhice feita pelos departamentos do curso de direito com seus alunos.
Cada vez mais se percebe que o mérito das aprovações no exame da Ordem e as boas notas no ENADE são, quase que exclusivamente, dos alunos que, selecionados pelo vestibular, estão acostumados a “dar duro” pra conseguir seus objetivos.
Terminando o penúltimo ano de faculdade, é mais que natural que eu esteja fazendo planos para o futuro, tais quais: terminar, durante as férias de verão, a minha monografia; fazer um cursinho preparatório para a OAB; fazer estágio e guardar algum dinheiro; começar a estudar, como nunca fiz antes na minha vida, para ser juíza do trabalho; entre inúmeros outros, alguns vagos, outros certamente palpáveis.
Mas na última quarta-feira recebi uma notícia avassaladora: vai ser implantada uma nova grade curricular, que era pra ter sido colocada em prática no começo de 2006, quando eu ainda era uma caloura, e deve retroagir a todos que começaram o curso naquela época, ou seja, pra todo mundo que começou a faculdade junto comigo.
Resultado - eu, e meus colegas, teremos que fazer, no ano que vem, matérias que deveríamos ter feito durante os 1º, 2º, 3º e 4º anos, tudo de uma vez só, ainda com as matérias normalmente aplicadas no 5º, mais as que a nova grade curricular prevê para o último ano. Ou seja, aulas de manhã, de tarde e aos sábados, o dia todo, começando a partir de amanhã até o final do curso.
A patifaria está no fato dos nossos professores, representados pelos departamentos (DDP - Departamento de Direito Público e DPP - Departamento de Direito Privado e Processual), se recusarem a dar a quinta aula, o que nos acarretaria aproximadamente 50 minutos a mais na faculdade diariamente, mas nos livraria das aulas no sábado a tarde.
Além disso, haverá curso de férias, para que possamos adiantar algumas de tais matérias e não ficar tão sobrecarregados ano que vem. Ou seja, acabou férias, acabou descanso, acabou adiantamento de monografia e, provavelmente, acabou estágio, afinal de contas, com as manhãs e noites ocupadas, eu preciso arrumar algum tempo para estudar e fazer meu TCC.
Não tem como evidenciar mais o descaso dos professores e chefes de departamento para com os alunos - que vêm atribuindo o bom nome e a fama da universidade - que, além de simplesmente não se importarem com os nossos planos e projetos futuros, deixaram para aplicar, apenas no último momento, uma grade curricular estipulada pelo MEC em 2004.
Deixo aqui o meu protesto e minha mais profunda decepção para com essa universidade que, até alguns dias atrás, eu exaltava tanto através de gritos de torcida.
Na veia
Há 12 anos