sexta-feira, 20 de novembro de 2009

poder me orgulhar?

Eu estou terminando o quarto ano de um curso conceituado, em uma universidade escolhida, por dois anos consecutivos, como a melhor do Paraná. O curso que eu faço - Direito - é recomendado com a nota “A” pela OAB e recebe sempre boas notas no ENADE.
Não estou falando isso para me gabar, até porque, no presente momento, eu não sinto um pingo sequer de orgulho desse curso. Eu falo simplesmente para poder mostrar as contradições existentes.
É certo que a UEM, como uma universidade pública, passa por dificuldades financeiras e burocráticas, mas isso não justifica, em nada, a canalhice feita pelos departamentos do curso de direito com seus alunos.
Cada vez mais se percebe que o mérito das aprovações no exame da Ordem e as boas notas no ENADE são, quase que exclusivamente, dos alunos que, selecionados pelo vestibular, estão acostumados a “dar duro” pra conseguir seus objetivos.
Terminando o penúltimo ano de faculdade, é mais que natural que eu esteja fazendo planos para o futuro, tais quais: terminar, durante as férias de verão, a minha monografia; fazer um cursinho preparatório para a OAB; fazer estágio e guardar algum dinheiro; começar a estudar, como nunca fiz antes na minha vida, para ser juíza do trabalho; entre inúmeros outros, alguns vagos, outros certamente palpáveis.
Mas na última quarta-feira recebi uma notícia avassaladora: vai ser implantada uma nova grade curricular, que era pra ter sido colocada em prática no começo de 2006, quando eu ainda era uma caloura, e deve retroagir a todos que começaram o curso naquela época, ou seja, pra todo mundo que começou a faculdade junto comigo.
Resultado - eu, e meus colegas, teremos que fazer, no ano que vem, matérias que deveríamos ter feito durante os 1º, 2º, 3º e 4º anos, tudo de uma vez só, ainda com as matérias normalmente aplicadas no 5º, mais as que a nova grade curricular prevê para o último ano. Ou seja, aulas de manhã, de tarde e aos sábados, o dia todo, começando a partir de amanhã até o final do curso.
A patifaria está no fato dos nossos professores, representados pelos departamentos (DDP - Departamento de Direito Público e DPP - Departamento de Direito Privado e Processual), se recusarem a dar a quinta aula, o que nos acarretaria aproximadamente 50 minutos a mais na faculdade diariamente, mas nos livraria das aulas no sábado a tarde.
Além disso, haverá curso de férias, para que possamos adiantar algumas de tais matérias e não ficar tão sobrecarregados ano que vem. Ou seja, acabou férias, acabou descanso, acabou adiantamento de monografia e, provavelmente, acabou estágio, afinal de contas, com as manhãs e noites ocupadas, eu preciso arrumar algum tempo para estudar e fazer meu TCC.
Não tem como evidenciar mais o descaso dos professores e chefes de departamento para com os alunos - que vêm atribuindo o bom nome e a fama da universidade - que, além de simplesmente não se importarem com os nossos planos e projetos futuros, deixaram para aplicar, apenas no último momento, uma grade curricular estipulada pelo MEC em 2004.
Deixo aqui o meu protesto e minha mais profunda decepção para com essa universidade que, até alguns dias atrás, eu exaltava tanto através de gritos de torcida.

11 comentários:

Fernanda. disse...

putasacanagem hein lelê? :/
o que adianta ter tanto nome e deixar que os alunos se ferrem..
boa sorte e coragem mamis :*

Pellizer disse...

E ae Letícia!!Sussegado mano??=P

Muito pertinente seu desabafo com essa situação da nossa retrógrada grade curricular. Contudo, gostaria de concordar e discordar de alguns pontos do seu excerto para uma melhor reflexão do espinhoso tema e somar minha opinião a esse caloroso debate!!=D

Concordo plenamente com vc que o mérito pelas aprovações no ENADE e na OAB que colocaram o curso de Direito da UEM como o melhor do Paraná é, em sua maioria, dos alunos, mas também de alguns ótimos professores que nós temos o privilégio de termos em nosso quadro docente. E, infelizmente, como você bem sabe, esses professores são a minoria!

Não concordo quando você se refere ao problema da grade curricular como "canalhice dos departamentos", vez que neles existem professores íntegros e que não tem culpa de nada do que está ocorrendo.

O cerne da questão é que os sucessivos chefes de departamento que sucederam-se na administração não tiveram a capacidade e "peito" para enfrentar a rejeição dos professores e alunos para a implantação da nova grade curricular. E agora, com a tão esperada atualização da grade, é compreensível a revolta de todos os alunos, principalmente os alunos do 4º ano, contudo, é um mal necessário, pois se não ocorresse agora a atualização, ela aconteceria ano que vem, ou no outro, ou no outro. Alguma turma do 4º ano teria que sofrer com a mudança e, infelizmente, foi o caso de vocês.

Quando entrei na UEM em 2005 já falavam da alteração da grade, o que mostra realmente a incompetência dos chefes de departamento que não colocaram a discussão em pauta durante esses 5 anos. Foi apenas uma questão de sorte(?)para a minha geração, e azar(?) para a sua. Alguém teria que sofrer com essa implantação.

Não acho que esse motivo deve cessar seu orgulho pela UEM, afinal, existem milhares de pessoas que gostariam de estar no seu lugar fazendo esse curso, e a exaltação do curso de Direito da UEM atávés de gritos de torcida foi a melhor forma que encontrei no curso para admirar cada vez mais a universidade que estou me formando e as pessoas que através dela me proporcionaram os melhores anos da minha vida.

Enfim, lamento pelo curso de férias, pela falta de descanso, pelas aulas de sábado. Repito, não achei sacanagem a mudança da grade curricular, era uma questão de tempo e vocês foram os "contemplados" da vez.

Beijos! Pellizer

Eduardo - www.dumc.zip.net disse...

Ouso discordar com relação à nota do ENADE e das aprovações da OAB. Quem garante esse nível de aprovação da OAB são os cursinhos preparatórios para o exame.

TODOS os ex alunos da UEM que eu conheço foram aprovados na OAB depois de fazer cursinho. TODOS. Não há nada de feio ou constrangedor nisso. Mas é fato: Os cursinhos aprovam e a faculdade leva a fama.

Abraços

Pellizer disse...

6 meses de cursinho preparatório p/ a OAB valem mais do que 5 anos de uma faculdade pública?? Acho que não é por aí!

Se fosse assim qualquer curso particular de direito aprovaria o mesmo número de alunos da UEM. Era só entrar em um curso vagabundo e no último ano em um cursinho que a OAB tava garantida!! Esta não é a realidade!

Concordo com a Letícia quando ela trata no texto que os alunos pelos seus esforços são os grandes responsáveis, mas, como disse no comentário acima, somos privilegiados em ter alguns ótimos professores que ajudam e muito o curso nessas aprovações.

Eduardo, se vc não conhece ninguém que passou na OAB sem cursinho, favor, visite a sala das turmas do 5º ano matutino da UEM!!

abraços

Carolina Werneck disse...

Bem, falando como aluna da UEM, no entanto não do curso de Direito, todos sabemos que nossa universidade é falha em diversos pontos. Obviamente temos bons e maus professores no corpo docente - no meu curso não é diferente - aliás, em nenhuma instituição de ensino do mundo é diferente.
É compreensível sua indignação quanto aos dias e horas de estudo sobressalentes que vocês serão obrigados a assistir, mas não sei se encaro como motivo suficiente para tamanha frustração. Talvez por estar, como já disse, "do lado de fora" da situação, creio que essa mudança - apesar de tardia e, nesse momento, atarantada- seja mais uma contribuição para o seu currículo que uma razão para esquecer o quanto você lutou para estar onde está.
Quando fiz minha inscrição para o vestibular, de acordo com o site da UEM meu curso tinha duração de três anos. Minha turma também é a primeira a enfrentar uma grade de quatro anos - e só soubemos disso no primeiro dia de aula. Naturalmente é revoltante que uma universidade como é a UEM deixe acontecer esse tipo de problema, causando tanto transtorno para os estudantes, mas concordo com o Pellizer quando ele diz que "alguém teria que passar por isso".
Pra finalizar, conheço muito bem o orgulho que você tem desse curso e sei que o abalo sísmico emocional é passageiro. Não consigo te imaginar sem gritar "Direito, UEM!".

Amo.
=*.

Eduardo - www.dumc.zip.net disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo - www.dumc.zip.net disse...

Bom.. tinha respondido mas resolvi excluir...

Pelo jeito você ainda é quintanista... daqui a um ano você me diz se existe alguma diferença entre o seu diploma e o diploma do curso da faculdade de esquina.

Abraços e boa sorte :D

Paula disse...

Pública ou particular, o fato é que o mercado é cruel. Nem de longe ele vai querer saber em que faculdade você se formou, mas na sua excelência em ser autoditada. O direito, por ser um curso genuinamente teórico nos trás isso como bênção e maldição, o ascesso a atualização legislativa é imediata e fácil, em contrapartida, é exigente como amante argentina. Na minha opinião, essa é a grande diferença de um bom ou mal profissional na área e não o que ele pendura na parede. De guarda baixa.

Paula disse...

Errata: meninas, vcs "Superintendem" que "ascesso e autoditada" são erros materiais né? De qqr forma, foi Supermal, na próxima eu procuro ter acesso a um dicionário já que não sou autodidata! Hauahuha

Lelê disse...

bom, acho necessário eu fazer a tréplica agora, né?


começo dizendo que eu ainda sinto orgulho da UEM sim, e a grande prova disso é que eu fiquei mordida com o comentário do Xuxu.


Mas vamos por partes...

Pellizer, eu concordo com você que nós temos alguns ótimos professores, mas eles são a minoria e têm pouquíssima voz comparado com todos os outros.
Quanto a canalhice, acho que faltou eu explicar um detalhe: se essa grade tivesse sido posta em prática em 2005 ou 2006 os alunos que já haviam ingressado na UEM não teriam que se adaptar à ela. Um bom exemplo disso é o que disse a Carol, a nova grade do curso dela foi implantada no ano que ela entrou, mas não teve efeito pros que já cursavam.
O que aconteceu no Direito foi que, o prazo para a nova grade era para a turma de 2006, ou seja, tem que retroagir aos alunos que entraram em 2006, mas não teriam efeito aos que já estavam na UEM.
Quanto a nova grade, achei ela fantástica, mas ser inteira aplicada em um só ano, é óbvio que será quantidade e não qualidade.


Xuxu: eu acho sim que os cursinhos são bem úteis, e até estavam nos meus planos, só que a faculdade faz diferença sim. é a base, afinal de contas, um cursinho é só pro que realmente cai na prova, enquanto a faculdade dá toda o alicerce. O aluno é também importante, afinal de contas, quem tem que aprender, seja a base ou os macetes, é o aluno.


Paula: concordo com você, o mercado não se importa com a faculdade e sim com a competência e isso independe de onde o curso foi feito.


é isso.
:*

Livia disse...

Nunca mais terão textos novos aqui?
=)