terça-feira, 30 de março de 2010

Aleluia, irmãos!

Uma vez que minhas companheirinhas de blog aparentemente faleceram ou tiveram seus computadores defenestrados (como nos ensinou Luis Fernando Veríssimo), e já que finalmente tenho algo a acrescentar à bagagem intelectual inútil das nações do mundo globalizado em que vivemos, cá está um texto novo, dedicado com todo o carinho à Livia, que andou cobrando.
Há muitas coisas detestáveis no mundo. Certa vez enumerei neste mesmo espaço aquelas que ocupam o topo da minha lista negra: falta de Coca-Cola, cólica e bolha no pé. No entanto, esqueci de mencionar uma outra, tão detestável quanto as três anteriores: pregações.
Cara, eu odeio pregações com todas as minhas forças, sejam elas provenientes de qualquer ordem religiosa, seita, doutrina ou credo. Diferentemente de gosto político, que eu abstraio, e futebolístico, que eu discuto, sim - e com orgulho - fé é o único item da trinca da discórdia que eu considero tão excessivamente particular que nem a minha eu cultivo direito, para não correr o risco de arrumar briga comigo mesma.
Não sei se por esse motivo, o fato é que pessoas vivem tentando me converter. E o pior é que sei que não é só comigo. Pessoas vivem tentando converter outras pessoas.
O mundo precisa se convencer de que o caminho para o céu - seja ele qual for, se é que existe - é importante demais para ser mostrado a alguém.
O mundo, aliás, precisa compreender que nem todo mundo acha legal berrar a deus - seja ele qual for - pedidos de salvação eterna. De repente o deus do outro não tem problema auditivo, como o seu, então não tente convencê-lo a ir à sua igreja agir como um cabrito degolado.
Assim como nem todo mundo acha legal sibilar frases entredentes ao mesmo tempo em que o líder religioso tenta fazer uma oração. Caso você goste assim, dê-se por satisfeito em não calar a boca, mas não encha o saco de mais ninguém para que faça o mesmo.
Nem todo mundo, também, curte esse lance de pão e vinho. Para algumas pessoas menos familiarizadas com o costume, pode parecer esquisito imaginar corpo e sangue descendo garganta abaixo, no meio de uma cerimônia.
A Bíblia também não é a leitura predileta de toda a raça humana, indistintamente. Alguns "hereges" preferem ler as notícias do dia, o último lançamento de um autor bacana ou ainda esse monte de baboseiras que nós escrevemos por aqui quando não temos nada melhor a fazer. Isso não os torna necessariamente pessoas ruins ou impuras, apenas os torna diferentes de você.
Portanto, não fique desesperado imaginando um fim terrível e sofrimento eterno para aqueles seres humanos que não possuem a mesma fé que você. Vai que você mesmo está errado! Contente-se em seguir o que você escolheu e salvar sua própria alma pecadora porque, de acordo com a MINHA religião, pessoas que ficam pregando por aí deverão ser eternamente forçadas a ouvir uma playlist que, entre outras pérolas, incluem Latino, Perla e o Rebolation.

5 comentários:

Lelê disse...

ok, eu escrevi um texto hoje. deixa pra aqui uns três meses... :x

pois é, concordo com você. tratando-se de religião, cada macaco no seu galho.

e, nada pior que fanáticos. o mundo já está cheio deles, ninguém precisa de mais...


beeijo

Paula disse...

Até que enfim apareceu e pelo visto, afiadíssima. No mínimo polêmico o assunto. Sou da opinião que todo fanatismo é burro, seja ele qual for. Quanto a bíblia, sou suspeita, isso porque tenho uma relação de paixão e aversão muito confusa com ela. Alguns livros são belíssimos, pura poesia. Outros me parecem auto ajuda de Içami Tiba, já outros pura filosofia (principalmente Schopenhauer), já outros não me dizem nada! Bem, quanto a aversão aos rituais religiosos, é bom pensar neles como tradição, símbolos, rituais que sobreviveram ao tempo e a internet (a mãe do mundo!) e só por isso ja merecem respeito. Parabéns pelo texto, adoro o teu sarcasmo azedo como expõe suas idéias, tbm sou assim as vezes. Bjão!

Paula disse...

Cacáááá! Me ensina a add comentários lá no seu blog, pleeeease! (cara de Madalena-arrependida), sou muito burra qdo se trata de internet (qdo se trata de outras coisas tbm, mas internet sou a rainha das burras). Bjus!

Unknown disse...

O que mais me comove é a parte final do texto... enquanto lia, completei a frase em meus pensamentos: Contente-se em salvar você mesmo! Que diabos você tanto se preocupa se se a outra alma vai "arder no mármore no inferno"?
Religião realmente é muito particular para tentar convencer as pessoas que uma única é correta.

Eduardo - www.dumc.zip.net disse...

Me divirto absurdamente quando alguém tenta me convencer... o meu primeiro passo é começar a questionar sem parar até fazer a pessoa entrar em contradição... e quando isso acontece, a coisa fica ainda mais divertida.

No fundo, no fundo, acho que gosto da discussão pelo simples prazer de contrariar... é bizarro, mas me divirto em ver as pessoas perdendo a linha ao serem contrariadas.