quinta-feira, 30 de abril de 2009

20 e poucos anos

"Nem por você nem por ninguém eu me desfaço dos meus planos;
quero saber bem mais que os meus vinte e poucos anos."
Como já dizia o refrão, vinte e poucos anos é bem pouco tempo pra viver tudo o que se quer. Há milhares de experiências e sensações que a vida só vai apresentar mais tarde, quando os vinte e poucos forem só uma lembrança distante. No entanto eu, do alto dos meus quase vinte e um aninhos, posso garantir: até aqui é a melhor fase da minha vida.
É claro que muito disso se deve ao fato de que é a fase já vivida em que me considero mais apresentável, fisicamente falando. Já tenho meus gostos próprios, autonomia pra decidir que roupa usar, fazer minha maquiagem sem pedir opiniões e usar o tamanho de salto que eu achar conveniente. Estou em uma relativa paz com o meu cabelo - que agora resolveu enrolar nas pontas - e consigo fazer a unha sozinha.
Além disso atualmente ganho meu próprio dinheiro, o que me permite gastá-lo da maneira que julgar conveniente, sem me importar se é bobagem ou um investimento sério.
Adquiri durante duas décadas um determinado nível de liberdade de ir e vir, que nem sempre agrada minha progenitora mas que, no fundo, ela sabe que mereço.
Minhas amizades são as melhores do mundo, sei que posso jogar os insanos em qualquer roda de qualquer lugar do globo, porque não passo vergonha. Nunca me diverti tanto com certo número de pessoas como faço com eles, contando sempre com o apoio e colaboração ainda que para as ideias mais imbecis.
Possuo hoje a maturidade para entender que, em meus relacionamentos, me entrego de acordo com a minha vontade, plenamente consciente do sofrimento que posso vir a ter no futuro próximo, sem ilusões de que amar seja fácil.
Conheço uma boa quantidade de lugares bacanas, sei indicar livros, filmes, músicas, bares, restaurantes e boates para qualquer faixa social ou etária.
Sei escolher presentes legais, sem ser negligente com o destinatário. Isso significa que fujo do óbvio "camiseta, calça, blusinha, boné, sapato" e compro algo que tenha a cara da pessoa. Se for um jogo de tabuleiro e a criatura em questão estiver fazendo 47 anos, dane-se. Fato é que dificilmente erro.
É claro que quero saber bem mais que os meus vinte, quase vinte e um anos, mas até aqui valeu a pena de verdade!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Díspares

O quarto está bem bagunçado, é verdade, e não tenho tido vontade de arrumar.
A lâmpada da cozinha queimou e nos obriga a abrir a geladeira para enxergar alguma coisa, a TV ainda não voltou do outro apartamento e o MP4 de repente resolveu que seria uma boa ideia cortar todas as faixas pela metade.
Há tempos não há livro novo na prateleira e a vontade de fazer outro furo na orelha até aqui só aumenta. Se tudo for como eu planejei o TCC começa na próxima semana, ainda que meu cachorrinho tenha virado lenda aqui em casa.
A pasta de dente acabou, não sei onde pus meu anel preferido, a internet não funciona direito, o bloquinho de rifas estacionou, as fotos não param de cair da parede, minha caneta azul de R$0.50 parou de pegar e essa dor de cabeça que insiste em não passar.

Enquanto isso, no lustre do castelo, eu penso em algo para comer.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Para fazer antes dos 30

- Boneco de neve;
- subir na Torre Eiffel;
- aprender mais duas línguas;
- outra tatuagem;
- outra faculdade;
- andar por Roma;
- arrumar amizades em um lugar improvável;
- dormir por três dias;
- ficar desempregada;
- gastar dinheiro com coisas que eu nunca mais vou usar;
- amanhecer na praia;
- aprender a imitar um desenho animado;
- amar, amar, amar;
- passar mal de tanto chocolate.

Sim, eu quero mais do mesmo.

[Carolina]

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Sete minutos e uma crônica

Peço desculpas desde então, porque tenho apenas sete minutos para fazer uma crônica e erros de português - ou digitação - que forem surgindo pelo caminho terão realmente de ficar aqui porque em sete minutos não dá tempo de corrigir uma crônica além de consttruí-la.
No máximo posso cuidar para que meus dedinhos não esbarrem em teclas adjacentes àquelas que pretendo teclar, mas o T do notebook, por exemplo, às vezes duplica e às vezes falha. Sempre saio corrigindo quando percebo que isso aconteceu, mas hoje tenho só sete minutos e não vai dar tempo.
Sete minuttos é bem pouco tempo pra se escrever uma crônica, mas parece bastante tempo se você estiver esperando uma ligação importante. Ou se estiver esperando na fila do banheiro.
Sete minutos não são suficientes pra muita coisa, na verdade, a menos que seja dar um último abraço. Um abraço de sete minutos é, sem sombra de dúvidas, um abração. Se virar beijo, então, tanto melhor, tantto mais longos os tais sete minutos.
Mas quando se está escrevendo uma crônica, sete minutos não vão deixar sair uma coisa assim, excelente, porque mal dá tempo de pensar em um assunto pra discorrer.
SETE MINUTOS!
Por esse motivo, supostos leitores, vocês terão de aceitar o pedido de desculpas da gênese desta crônica. Sete minutos não dão pra quase nada.
Agora, por exemplo, já foi.

[Carolina]

terça-feira, 7 de abril de 2009

Marx ficaria orgulhoso

Karina [ANBID] diz:
Você me ajuda a escolher algo pra sexta? Eu queria estar com uma roupa bem bonitinha!!!
Carolina diz:
A gente muito pode sair na quinta pra achar algo, se você quiser.
Karina [ANBID] diz:
olhaaa... Vdd. Meu comprei um vestido xadrez, já falei?
Carolina diz:
Falou, e eu não vi.
Carolina diz:
Kaaaah, nunca senti tanta falta de algo meu que ficou contigo quanto sinto das minhas canetas nesse momento. Minha letra fica uma b*sta com as outras.
Karina [ANBID] diz:
Nem lembrei e tbm muito não estou usando, só uso marca texto nos últmos dias =/
Carolina diz:
Não estou preocupada se você está usando, f*da que trava minha escritaaaa.
Karina [ANBID] diz:
Acho que meu com vc só tem uma argola prata
Karina [ANBID] diz:
Eu sinto falta, mas paguei R$ 1,99 por elas. Ou melhor, nem isso eu paguei, porque fui comprar e o Jair do Lojão do Keima me deu.Então, posso adquirir outras se quiser.
Carolina diz:
Estão mesmo. Na minha bolsa.
Carolina diz:
A argolinha que a Jeh me deu tá aí, né?
Karina [ANBID] diz:
Aham e uma argola com borboletas
Carolina diz:
Essa nem uso, vai ficando.
Karina [ANBID] diz:
Ah sim, sinto falta só da minha joaninha
Carolina diz:
Hein, por acaso minha sapatilha de oncinha tá aí? Num acho em lugar nenhum.
Karina [ANBID] diz:
Cara, se a gente morasse junto ctz que o guarda-roupas ia ser comunitário
Karina [ANBID] diz:
Táaa. Meu é sua?? Num sabia


Quer dizer, quase um regime comunista, sem essa de propriedade privada.

[Carolina, Karina]

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Do abraço

Quando me deitei a seu lado ontem à noite eram duas da manhã e eu não tinha a intenção de acordar ninguém. Principalmente em vista da sua dificuldade declarada em pegar no sono todos os dias.
Fato é que era tarde, eu estava incerta quanto à minha decisão de ter saído de casa e não queria causar mais problemas do que já tínhamos.
Talvez se faça necessário explicar que muito da minha necessidade de abraçar, beijar e apertar quem eu amo vem da minha doce progenitora. Fui criada à base da proximidade. Preciso estar perto, junto, quase entrar em fusão, para demonstrar a imensidão do meu afeto.
Minha mãe sempre foi de um carinho extremo conosco, de botar no colo mesmo e fazer ninar. Desde cedo me acostumei a esse traço de sua personalidade e a ele adaptei a delicadeza que julgo possuir, ainda que apenas de leve.
Apesar disso, nunca entendi muito bem como fomos nos tornar tão íntimas, tão cúmplices, tão mãe e filha e amigas e irmãs. Seu carinho sempre presente me deixa segura e creio que venha daí a relação tão sublime que se desenvolveu entre nós.
Mas ontem, quando abri a porta do quarto e ela acordou, e me deitei a seu lado às duas da manhã e, após dizer boa noite, ouvi num fio de voz aquele "me abraça?!", toda a leveza da nossa ligação desceu devagar do teto do quarto, veio parar no meu coração, deixando tudo perfeitamente simples, totalmente claro, completamente explicável, absolutamente puro.
Eu virei para o lado e a abracei. E naquele abraço estavam contidos vinte anos da sua dedicação a mim, aos meus irmãos, à nossa felicidade.
E foi assim que eu, às duas da manhã de uma quarta-feira, me tornei sua mãe também.
[Carolina]