"Nem por você nem por ninguém eu me desfaço dos meus planos;
quero saber bem mais que os meus vinte e poucos anos."
Como já dizia o refrão, vinte e poucos anos é bem pouco tempo pra viver tudo o que se quer. Há milhares de experiências e sensações que a vida só vai apresentar mais tarde, quando os vinte e poucos forem só uma lembrança distante. No entanto eu, do alto dos meus quase vinte e um aninhos, posso garantir: até aqui é a melhor fase da minha vida.
É claro que muito disso se deve ao fato de que é a fase já vivida em que me considero mais apresentável, fisicamente falando. Já tenho meus gostos próprios, autonomia pra decidir que roupa usar, fazer minha maquiagem sem pedir opiniões e usar o tamanho de salto que eu achar conveniente. Estou em uma relativa paz com o meu cabelo - que agora resolveu enrolar nas pontas - e consigo fazer a unha sozinha.
Além disso atualmente ganho meu próprio dinheiro, o que me permite gastá-lo da maneira que julgar conveniente, sem me importar se é bobagem ou um investimento sério.
Adquiri durante duas décadas um determinado nível de liberdade de ir e vir, que nem sempre agrada minha progenitora mas que, no fundo, ela sabe que mereço.
Minhas amizades são as melhores do mundo, sei que posso jogar os insanos em qualquer roda de qualquer lugar do globo, porque não passo vergonha. Nunca me diverti tanto com certo número de pessoas como faço com eles, contando sempre com o apoio e colaboração ainda que para as ideias mais imbecis.
Possuo hoje a maturidade para entender que, em meus relacionamentos, me entrego de acordo com a minha vontade, plenamente consciente do sofrimento que posso vir a ter no futuro próximo, sem ilusões de que amar seja fácil.
Conheço uma boa quantidade de lugares bacanas, sei indicar livros, filmes, músicas, bares, restaurantes e boates para qualquer faixa social ou etária.
Sei escolher presentes legais, sem ser negligente com o destinatário. Isso significa que fujo do óbvio "camiseta, calça, blusinha, boné, sapato" e compro algo que tenha a cara da pessoa. Se for um jogo de tabuleiro e a criatura em questão estiver fazendo 47 anos, dane-se. Fato é que dificilmente erro.
É claro que quero saber bem mais que os meus vinte, quase vinte e um anos, mas até aqui valeu a pena de verdade!